Theatro José de Alencar - 103 anos

Hoje o Theatro José de Alencar está completando 103 anos. Como estava no centro e passei em frente a ele, acabei entrando e vi que ocorria naquele exato momento uma apresentação gratuita de um solista de piano chamado Vitor Duarte. Após seu espetáculo, me direcionei para fazer a visita guiada pelo jardim e o interior do teatro. Infelizmente, muitas partes estão "deterioradas" pela falta de manutenção (a última ocorrida foi em 1991), mas os próprios funcionários afirmaram que ele irá fechar para reforma ainda neste ano de 2013. Vamos aguardar!

Voltando um pouco na história, o TJA foi idealizado pelo então capitão Bernardo José de Mello, que ao fazer o projeto arquitetônico do local, imaginou ainda construir ao lado do teatro um espaço que serviria como um "teatro jardim". Esta idéia só foi concebida muitos anos depois, na reforma ocorrida entre os anos de 1974/75. Este espaço que se encontra vizinho ao teatro possui um jardim idealizado pelo paisagista e arquiteto Burle Marx. Ali podemos admirar diversos tipos de árvores como a Carnaúba - conhecida como árvore da vida - além de exemplares do Pau-Brasil, que infelizmente não são tão expressivos porque não se encontram em seu habitat natural e o Jucá, conhecido principalmente por ser um "antibiótico cearense" utilizado para curar dores na coluna, inflamações no corpo entre outros. E como não podia faltar uma área para apresentações, encontramos ao fundo o palco jardim - muito utilizado nos dias atuais - "protegido" por um paredão de mais de 12 metros de altura. A sua capacidade atual é de 600 pessoas ao ar livre para assistir a espetáculos neste espaço. Antigamente aberto, hoje esse espaço é cercado por grades para evitar a ação de vândalos.

Ao lado deste espaço, podemos ver na parede lateral do TJA várias placas com nomes de personalidades que passaram por ali... O nome que me chamou a atenção foi o de Bibi Ferreira, que está duas vezes exposto entre eles. Virando esta parede, vemos uma porta mais alta, local por onde entra todo material cenográfico das peças teatrais que ali se apresentam.

Palco Jardim com paredão de 12m de altura atrás dele.

Parede lateral do Theatro José de Alencar com nomes de artistas em placas.

Porta para material cenográfico.

O TJA possui ao todo seis camarins. A frente do palco baixa até 03 metros, local onde se encontra o fosso da orquestra. E um pouco atrás, vemos duas escadas, cada uma de um lado, que nos levam até a entrada do palco principal. 

Todo teatro antigo que conheci possui uma disposição de lugares destinados para a nobreza e um local para as pessoas mais simples. No TJA não poderia ser diferente... No primeiro andar ficavam os "balcões nobres" e no segundo andar os "camarotes". O terceiro andar e a parte térrea eram destinados aos mais simples. Detalhe que as cadeiras no térreo ficavam muito abaixo do palco, em uma posição muito ruim para se ver as peças. Eis que surge uma curiosidade contada pelo guia: as pessoas humildes que estavam ali não iam para assistir as peças... elas, ficavam olhando para cima, para os cantos, para admirar a nobreza da época nos andares superiores...

vista interna do palco para o público - foto 01

vista interna do palco para o público - foto 02

fosso para a orquestra.

escadaria lateral em direção à entrada no palco

Em 2009 assisti uma peça do grupo de teatro transcendental. Fiquei no segundo andar, nos camarotes. Confesso que ficar muito tempo acomodado por ali não é tão prazeroso, afinal suas cadeiras não são confortáveis e as colunas do teatro em alguns momentos prejudicavam a visão do espetáculo. Lógico que esta opinião é por mim dada quando em comparação a um conforto que busco ter em outros teatros como por exemplo o Teatro Renault (antigo Teatro Abril)... Mas vale lembrar que o TJA é um patrimônio histórico e cultural e quanto a isso não podemos fazer comparações! Então, se for assistir a uma peça por lá, pense que mesmo estando exatamente igual a 103 anos atrás, hoje ele se encontra com melhores recursos como a climatização interna e os vidros blindex colocados na entrada, que servem para filtrar/coibir os barulhos que vinham da rua! 

Para mim, é um lugar que vale a pena ser visitado! E muito fotografado!

Avenida Borges de Melo - Fortaleza

Postes derrubados?

Ontem quando passava pela Avenida Borges de Melo tive que desviar de dois postes completamente largados no meio da rua (não sei dizer se foi acidente), ocupando quase duas faixas da avenida, praticamente ao lado da alça de acesso à Br 116, aqui em Fortaleza. 

Como estava com minha câmera fotográfica, parei meu carro à alguns metros e registrei as duas fotos abaixo: uma dos postes no chão e outra de um “trabalhador solitário” mexendo em outro poste, este em pé, com a fiação toda no chão. Detalhe: não havia nenhuma sinalização de desvio no trânsito, tornando assim risco evidente de um possível acidente !

Boate Kiss e Siará Hall - Alguma semelhança?

Quem não se recorda do bombardeio de notícias que foram geradas pelo incêndio ocorrido na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul? O resultado da desorganização quanto às normas vigentes de segurança foram a constatação de rotas de fugas sem sinalização e portas de emergências sem capacidade adequada de dar vazão resultando assim na morte de 242 jovens durante um show da banda Gurizada Fandangueira...A boate Kiss tinha capacidade para 691 pessoas, embora tenha sido divulgado que o número de clientes na fatídica noite girava entre 1.000 à 1.500 ...

Ok, mas qual a semelhança do Siará Hall junto a boate Kiss? Que tal olharmos a foto abaixo... Vou começar a explicar...

Fonte da Foto: Léo Paiva (Siará Hall - vista interna)

O Siará Hall, de acordo com seu site, possui capacidade para receber até 14 mil espectadores...no térreo encontram-se duas cozinhas, oito caixas, quatro bares e quatro toaletes e o maior ambiente da casa, capaz de abrigar 10 mil pessoas... no primeiro andar, onde ficam os camarotes reversíveis, a capacidade de cada camarote é de 10 à 20 pessoas. Ao todo são 80 camarotes... Artistas como Chico Buarque, Roberto Carlos, Paula Fernandes, Rebeldes, Jeito Moleque, Fábio Junior, Claudia Leitte, Rita Lee entre outros já passaram pelos seus palcos!

No último dia 01 de junho, sábado passado, o cantor Djavan se apresentou na casa com o show Rua dos Amores. A mesa custava R$ 150,00 por pessoa e observando ao redor constatava que o ambiente estava com poucas mesas vazias mas que a capacidade estava quase todo completa. Lógico que mesas com quatro cadeiras acabam reduzindo o número de pessoas drasticamente, mas estava bem cheio o local. Confesso que pelo preço e pelo artista, me surpreendi com a quantidade. 

O show estava programado para começar as 23:00 h mas teve um atraso em torno de uma meia hora. Observando às mesas do lado, a geração ali eram de pessoas entre seus 30 e 60 e poucos anos. Bem diferente da faixa etária da boate Kiss... Mas a diferença entre as boates acabou por aqui! 

No término do show, as portas traseiras (pelo menos 05, como podem constatar pela minha foto abaixo) que abrem para cima, para dar vazão do público encontravam fechadas ou bloqueadas. E internamente existiam barras de contenção que evitava a aproximação junto a estas portas. Todo o público começou a se espremer por duas saídas laterais que se afunilavam deixando apenas duas pessoas por vez no corredor. Ver senhores de idade se atracando com pessoas mais novas para ver quem chegava primeiro na parte de fora foi ridículo. E quando bati timidamente duas fotos pensando em postar aqui no blog, ouvi pessoas dizendo: "porque será que ele está fotografando?". 

Vista Externa - portões não foram abertos

Vista Externa - saída lateral com corredor  congestionado

Este é o nosso Brasil, que gera indignação em tamanhas incoerências.... o incêndio da Kiss aconteceu a pouco mais de 04 meses e mesmo assim, as pessoas continuam a usufruir de locais que não se preocupam em ter respeito junto ao seu consumidor! Quanto ao show, só tenho elogios, foi muito bacana. A galera dançou animada principalmente nas últimas músicas, quando Djavan tocou antigos sucessos. Mas a saída me fez relembrar a Kiss e eu não podia deixar de lado essa comparação. Infelizmente, nossos conterrâneos viveram uma tragédia sem precedentes e eu apenas torço para que o Siará Hall não venha a ser nunca manchetes negativas nos jornais ...