26/01/2013

Estação de trem Professor João Felipe - Fortaleza

Quando procuro uma curiosidade histórica de determinada arquitetura, me espanto em perceber o quanto passamos pelos locais sem termos idéia de como tudo foi concebido. Foi o que aconteceu quando  busquei entender como surgiu a Estação Central de Fortaleza da Estrada de Ferro de Baturité...



A linha principal (ou linha tronco) surgiu inicialmente com a Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem bem precária que a partir de 1872, seria substituída posteriormente pela atual Estação Central de Fortaleza, que teve porém sua pedra fundamental declarada apenas em 1873 e o início de suas obras em meados de 1879 e consequentemente, sua inauguração já mais que atrasada, viria a acontecer apenas em 9 de junho de 1880.


A maior curiosidade desta estação (para mim) está na sua edificação, ou melhor, na Praça da Estação... acreditem, ela foi erguida em cima do antigo cemitério São Casimiro também conhecido como Croatá. Doado pela família Torres, o terreno foi destinado a uma sociedade de oficiais do exército que o utilizariam para o "exercício de soldados". 

Outra curiosidade está localizada na entrada da estação, onde existe uma placa afixada acima das antigas bilheterias ressaltando o governo do Imperador de D. Pedro II, o Sr. Manoel Buarque de Macedo (Ministro da Agricultura) e o Dr. José Julio de Albuquerque Barros (Presidente da Província) além do engenheiro Henrique Foglare. Fiquei alguns minutos observando as pessoas que chegavam e saíam da estação e posso garantir que nenhuma delas esboçou qualquer reação de curiosidade quanto a mim, que estava por ali, de câmera na mão fotografando ...

Existe ainda um vagão do SESI "estacionado" logo após o desembarque, bem próximo a saída... Muito bacana a idéia (tudo a ver com o local) e bem equipado com computadores, livros e revistas no seu interior. Porém enquanto estive ao lado dele, não vi uma única pessoa arriscar entrar por ali! Vale lembrar que a ações como esta servem como centro de atividades que são voltadas para atender aos trabalhadores com o máximo de qualidade e atenção, garantindo sua cidadania!

Por fim, assim que o tumulto passou entrei na plataforma da Estação Central e vi que os trens estavam estacionados esperando o próximo horário de partida para então, seguir rumo a Caucaia. Um dia criarei coragem e irei comprar um bilhete e pegá-lo apenas para sentir como é viajar dentro dele.... Afinal, pelo número de pessoas que saiu da estação, essa viagem para Caucaia não me parece que será tão diferente dos trens metropolitanos de São Paulo!

20/01/2013

Mossoró - Rio Grande do Norte

Ir para Mossoró aconteceu por acaso. Nesta última sexta-feira, 18, fui com minha esposa para Canoa Quebrada e por ali jantamos e ficamos hospedados em uma pousada já conhecida por nós. Mas ao acordar no dia seguinte, perguntei a ela se poderíamos fechar a conta e ir em direção a Mossoró, que ficava a pouco mais de 100 km de distância de Canoa. Mossoró é a 2ª maior cidade do RN, depois de Natal e o seu município é o maior produtor de petróleo em terra, assim como ocorre também com a produção de sal marinho.

O caminho foi fácil - segui pela BR 304 em direção a Natal. A estrada, apesar de não estar duplicada está com um asfalto muito bom. O trânsito é um pouco intenso e cheio de caminhões. Porém, me surpreendi com a boa sinalização indicativa até Mossoró, algo difícil em algumas estradas aqui pelo nordeste. Como não podia deixar de lado, parei ao lado da sinalização da divisa entre os estados do CE e RN para tirar uma foto. Detalhe, como não foi uma viagem programada, terei apenas fotos do celular pois estava sem minha câmera... :(

Como gosto de curtir o "lado cultural" das cidades que visito, Mossoró se mostrou muito atrativo para mim... Confesso que não esperava grandes surpresas, mas ao andar de carro pela cidade, descobri lugares que me encantaram não só pela beleza quanto pelo cuidado e preservação. Abaixo destacarei alguns destes locais!

1. O Memorial da Resistência de Mossoró é algo fascinante! Existe em uma praça como um "museu a céu aberto" que retrata a resistência que o povo mossoroense emplacou contra o bando de lampião, em 1927. O prefeito da época, Rodolpho Fernandes, conseguiu despachar lampião e todo seu grupo em pouco mais de uma hora de batalha que assustados por tamanha disposição empregada na luta, correram de Mossoró em direção ao Ceará onde eram admirados e ainda possuíam aliados. Em outra oportunidade me aprofundo na estória de Lampião....





2. A Praça da Convivência fica em frente ao memorial. Com mais de 6 mil m² é rodeada de restaurantes, lanchonetes, sorveterias, café entre outros. O local é muito seguro e tranquilo e apaixonante principalmente pelo comércio ter se instalado nas construções que se baseiam na arquitetura colonial dos anos 20. Muito democrático e preços justos.
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Praça da Convivência - Fonte da foto: Photobucket.com

3. O Espaço Cultural Arte da Terra fica localizado na avenida Presidente Dutra, com destaque aos dois bonecos em frente à sua fachada, que ali estão representando Lampião e Maria Bonita. Infelizmente estava fechado, mas de acordo com os moradores o local é utilizado para a venda de artesanato local, restaurante, cultura e música. 

Espaço Cultural Arte da Terra



4. O Museu Municipal Lauro da Escóssia esta instalado no antigo prédio da cadeia pública. Tombado em 1982 como Patrimônio Nacional, o prédio existe desde 1948 e foi em 1992 que ele se transformou em Centro Cultural. E como Mossoró possui diversas particularidades, dentro desse museu encontramos algumas delas como documentos do movimento abolicionista (Mossoró acabou com a escravidão cinco anos antes da lei Aurea), o primeiro voto feminino na América Latina e diversos objetos e documentos sobre o Movimento de Resistência a Lampião.

Museu Lauro da Escóssia
5. No adro (entorno) da Catedral de Santa Luzia está localizado o marco zero da cidade de Mossoró. Aqui localizava-se a antiga Fazenda Santa Luzia e esta igreja foi quem deu origem a cidade. Iniciou sua construção em 1772, sendo concluído no início de 1773.

Catedral de Santa Luzia
6. A Capela de São Vicente têm uma importância histórica por ter sido palco da resistência quanto a invasão do bando de Lampião na cidade de Mossoró. Inaugurada em 1919, ela serviu de "trincheira" em 13 de junho de 1927 na defesa da cidade contra o bando. Anualmente ela recebe a encenação do espetáculo Chuva de Bala mas eu não consegui informações quanto as datas em que ocorre.

Capela de São Vicente

Mas como fui no sábado a tarde para voltar no domingo, muitas atrações ficaram para trás... entre elas estão: - A Biblioteca Municipal Ney Pontes Duarte, o Palácio da Resistência, a Estação das Artes Elizeu Ventania, o Parque da Criança, o Museu do Petróleo, a Ponte de Ferro, o Teatro Municipal Dix-huit Rosado entre outros!

Com certeza, vale a pena dar um "pulo" até o Rio Grande do Norte para conhecer um pouquinho mais da história desta cidade... Eu, já estou planejando voltar em breve!

17/01/2013

Santuário Rainha do Sertão - Quixadá (CE)

Quixadá também possui outra atração que não está ligada a nenhuma das atrações que postei anteriormente neste blog... No alto da Serra do Urucum, encontra-se o Santuário de Nossa Senhora Rainha do Sertão, local muito conhecido pelo turismo religioso; diversos peregrinos vêm em excursões na busca de uma paz interior e de uma reflexão pessoal...
Santuário Nossa Senhora Rainha do Sertão

O caminho até chegar o Santuário é árduo. Possui mais de 4 km de terra batida antes de chegar no "calçamento" de pedra. Tanto na terra quanto no calçamento, se você não possuir uma SUV 4x4 aconselho andar devagar para não deixar seu carro cheio de "grilos" posteriormente... A estrada é estreita e muito mal conservada e, para complicar ainda mais, logo no começo dela vemos uma situação bem deprimente: crianças que moram nas casas ao lado dos trilhos ficam com a mão estendidas pedindo algo. Parei no primeiro grupo de 04 crianças (dois meninos e duas meninas) e fiquei sensibilizado em como os pais permitem que elas praticamente entrem na frente do carro para ganhar algum trocado! Como sou contra a dar dinheiro, dei a elas dois sucos de caixinha que havia levado para me refrescar. Alertei que era para dividir entre eles mas não sei se isso ocorreu. 

A subida até o Santuário nos dá uma visão muito bonita dos monólitos que rodeiam a cidade de Quixadá. Em alguns pontos avistei o "monólito do Cruzeiro" e vi de relance a pedra da Galinha Choca, no Açude do Cedro. E neste caminho (subida) me deparei com várias imagens em tamanho natural que ali representam as 14 estações da via-sacra, que seria o trajeto de Cristo a partir de sua condenação, depois o sofrimento da crucificação até chegar no momento de sua "elevação".  Um detalhe: essas imagens foram feitas pelo artista plástico Adalécio Mariz, do interior do Ceará (Tauá), com ferro revestido de areia com cimento. Interessante a idéia e pelo que percebi estão reformando os espaços no entorno das imagens, criando uma forma dos peregrinos se aproximarem delas, onde estão sendo colocado pedras no chão e em alguns até bancos de cimentos porém acredito que pela importância e pelo número de visitantes que o Santuário traz a cidade, esta arte poderia ter melhor acabamento...

1ª Estação à 6ª estação - da esquerda para direita sentido horário 

 7ª estação à 12ª estação - da esquerda para direita sentido horário

 duas fotos da 13ª estação e uma foto da 14ª estação - da esquerda para direita 

Na entrada do Santuário, a impressão que tive foi de um local acolhedor mas dentro de uma estrutura não tão majestosa como esperava; talvez tenha sido por causa do telhado do tipo shed (muito usado em fábricas e galpões para permitir iluminação natural e entrada de ar) que tenha me deixado um pouco decepcionado. 


Olhando em direção ao altar, ao fundo vê-se a imagem de Nossa Senhora segurando Jesus em seu colo; os vitrôs possuem a cor azul e fumê misturadas; e as laterais da igreja possuem diversas imagens de Nossa Senhora de acordo com cada país representado ao lado com sua bandeira. Bem interessante!

Já na saída do Santuário, nós temos à nossa frente, no final do estacionamento, uma passarela que leva o visitante a uma gruta. Não fui até lá mas pelo que entendi, ali é destinado para rezar com mais tranquilidade, tendo como vista a natureza ao redor. E ainda perto da passarela existem placas indicadoras de serviços como auditório, sanitários, restaurantes entre outros serviços que garantem conforto para os visitantes. 

Parece ser bem estruturado, porém como estava com o tempo curto, apenas peguei o final da missa, fiz meu agradecimento e retornei para a estrada para continuar minha descoberta pela cidade de Quixadá! Vale lembrar que o calor é muito alto (sertão) e que a hidratação e o protetor solar é extremamente necessário.

15/01/2013

Pedra da Galinha Choca - Quixadá (CE)



Quixadá é realmente uma cidade ímpar ... inicialmente planejei viajar para "observar" suas diversas opções do turismo de aventura; o local é muito favorável para a prática de rapel, escaladas (em seus diversos monólitos), trilhas ecológicas que estimulam o trekking além de também possui uma pista para salto de vôos livres (parapente e asa delta) localizada na Serra do Urucum, que possui aproximadamente 665 m de altitude e que possui uma das melhores correntes térmicas do mundo para o esporte.


Mas foi em 1983, quando filmado "O Cangaceiro Trapalhão" pelos trapalhões que o local ganhou um destaque ainda maior. Esculpido pelos ventos, pela água e outras ações da natureza, o monólito conhecido como a Pedra da Galinha Choca que fica dentro do parque do Açude do Cedro ganhou fama nacional ao "brincar com o telespectador" que era uma galinha de pedra que colocava ovos de ouro. A pedra da Galinha Choca é um dos principais cartões postais da cidade, ao lado da barragem do Açude do Cedro e o Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão.



14/01/2013

Açude do Cedro - Quixadá (CE)

O açude do Cedro têm uma particularidade peculiar - foi o primeiro açude público do Brasil, idealizado na época do império e construído entre os anos de 1884 e 1906.

Os estudos para a construção deste açude tiveram início após a grande seca que ocorreu entre os anos de 1877 à 1879, quando então, D. Pedro II, imperador do Brasil, solicitou junto ao engenheiro Ernesto Cunha encontrar um local em que pudesse ser criado barragens em leitos de rios para "segurar" as águas pluviais e assim, tentar desenvolver o abastecimento e a irrigação da região.

Localizado a pouco mais de 160 km de Fortaleza, a barragem do Açude do Cedro "barra" o rio Sitiá e sua bacia hidrográfica compreende 224 km² sendo ele considerado o 7º maior reservatório de água do Ceará.

Bem ao lado de outro cartão postal da cidade, a Pedra da Galinha Choca, o açude se destaca pelo seu formato curvo e pelos seus pilaretes (pequenos pilares) que ainda possuem correntes metálicos unindo-os na sua barragem principal. Até hoje esta construção é considerado uma obra de arte arquitetônica. Vale lembrar que durante muito tempo foi dito erroneamente que esta barragem havia sido feita pelos escravos; os verdadeiros trabalhadores foram as famílias locais do interior do Ceará (de diversas etnias) que realmente contribuíram para a realização deste projeto.


Atualmente, o açude que é monumento artístico e histórico nacional se transformou (ainda que precariamente) em centro turístico. Diversas famílias buscam no fim de semana, passear pelo local, seja apreciando sua comida típica (baião de dois / tilápia/ carne de sol) ou para a prática de esportes náuticos, pesca ou para se refrescar em alguns dos locais destinados para banho.

Detalhe: O calor no dia de ontem (13/01/2013) chegou a 42ºC; então se houver interesse em conhecer Quixadá não se esqueça do protetor solar e de se hidratar o tempo todo!