Conforme postagem anterior, achei necessário dividir em diversas partes o assunto sobre o edifício Matarazzo (ou também conhecido Palácio do Anhangabaú).
Neste tópico, vou falar exclusivamente do mirante existente no telhado do edifício. Ao todo, temos três pontos de mirantes já que o jardim suspenso circunda todo o prédio.
No 1º Mirante, vemos com nitidez três pontos muito conhecidos - O edifício Praça da Bandeira, o Palácio Anchieta e por fim, a praça da Bandeira com o terminal de ônibus Bandeira. Vale a pena destacar também um prédio residencial dos anos 50 chamado Viadutos que se encontra logo atrás do Palácio Anchieta.① Discorrendo um pouco mais sobre cada um desses "pontos" que nomeei, começo pelo Edifício Praça da Bandeira. Esse nome não é muito conhecido, mas foi o adotado nos anos 2000 - acredito que para desvincular seu nome ao grande incêndio que ocorreu nele. Para quem ainda não se atentou, estou comentando sobre o Edifício Joelma, um prédio que teve sua construção finalizada em 1972, com um total de 25 andares, sendo os 10 primeiros exclusivos para estacionamento e os demais para aluguel comercial. Em 1974, o Banco Crefisul alugou-o todo e ainda em fase de transferência de departamentos, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado do 12º andar deu destaque a um dos maiores incêndios da estória de São Paulo. Na década de 70, os móveis utilizados pelas empresas na sua maioria eram de madeiras, com grandes e volumosas cortinas de tecido além dos pisos, muitas vezes acarpetado. Esses são alguns dos motivos para o fogo ter se alastrado tão rapidamente. Essa tragédia ocorreu em 1º de fevereiro trazendo consigo o triste numero de 191 mortos e mais de 300 feridos, sendo que 13 corpos que tentaram escapar pelo elevador, acabaram sem identificação, sendo posteriormente enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro (Vila Alpina). Um fato curioso é que são atribuídos a estas "almas" diversos milagres - relatados por pessoas que fizeram pedidos em oração junto aos túmulos e que acabaram sendo atendidas! E por tal motivo, a eles foram atribuído o nome de Mistério das trezes almas.
Em 1978, o edifício foi reaberto como o novo Joelma, enaltecendo as mudanças efetuadas no prédio dando amplo destaque para seus padrões atuais de segurança. Vale lembrar que, por ter sido uma catástrofe de enorme comoção, foi reaberto a discussão sobre sistemas de prevenção e combate a incêndios já que, o código de obras adotado pelo município de São Paulo era ainda datado de 1934, época em que os prédios eram de poucos andares e sem tanta estrutura elétrica.
② O próximo a ser comentado é o Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo. Sua estrutura é composta de 13 andares possuindo um heliponto no 14º andar. Conta ainda com três andares de subsolo além do térreo, que conta com uma entrada pelo viaduto Jacareí. Dentro de sua suntuosa estrutura, existe um detalhe bem atrativo e icônico - trata-se de sua escadaria em formato helicoidal. Deslumbrante a vista. No 1º andar do prédio, temos o plenário 1º de Maio, que permite acesso a sua galeria pela população. Ao todo sua capacidade é de 210 pessoas. Dentro do edifício, temos outros espaços de auditório e diversas salas de reuniões / eventos. O Salão Nobre, de nome João Brasil Vita, fica no 8º andar e sua capacidade é estimada em torno de 350 pessoas. A inauguração oficial no dia 7 de setembro de 1969. O prefeito da época era Paulo Maluf e o governador Abreu Sodré.
③ E como havia comentado sobre o prédio Viadutos, ressalto a sua importância por aqui porque ele foi construído nos anos 50, época de um bom desenvolvimento urbano de São Paulo, visando atender a classe média e alta paulistana que acreditavam no crescimento do entorno do centro de São Paulo. Possui 27 andares, 12 elevadores e uma cobertura privilegiada de 360º que atualmente pode ser alugada para eventos ou festas.
④ E por fim, falarei em conjunto da Praça da Bandeira e o terminal de ônibus de mesmo nome. Diferente do que eu esperava, o mastro com a bandeira brasileira só foi instalado em 1970, mesmo essa praça já existindo antes dos anos 50 (seu nome inclusive era outro - Largo do Riachuelo). Documentos mostram que o atual nome foi indicado por meio de projeto apresentado pelo vereador Décio Grisi em 1949, sendo aprovado o pedido em março do ano seguinte. Era um espaço público, rodeado de jardins, e que ficou durante muitos anos abandonado pelo poder público. Em 2008, mesmo isolada entre avenidas, passarelas e um terminal, a praça que ainda é considerada um dos símbolos de São Paulo recebeu maior atenção e foi totalmente recuperada, mantendo-se até os dias atuais de forma bem conservada. E ocupando boa parte de seu terreno, o Terminal de ônibus Bandeira, inaugurado em 1987, é o ponto final do dos corredores Santo Amaro - Nove de Julho - Centro - que possuem em sua extensão de quase 15 km, 25 estações gerida pela SPTrans.
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