22/10/2016

Redescobrindo o Rio de Janeiro - Teleférico, Cidade do Samba e VLT


A Cidade do Samba encontra-se no coração do bairro de Santo Cristo, no Rio de Janeiro. Existem diversas opções para se chegar por alí. Pode ser de carro, ônibus ou até mesmo metrô (com baldeação no teleférico)! E eu escolhi ir de metrô, partindo da estação carioca até a estação central (ou mais conhecida, Central do Brasil). Ao desembarcar nesta estação, busquei a saída em direção ao teleférico que nos leva para o outro lado do Morro da Providência. Detalhe interessante: o uso do teleférico é oferecido de forma gratuita para a população, e não possui espaço para condutor - desta forma o teleférico chega na plataforma de forma bem lenta e de portas abertas para que as pessoas adentrem! Em um determinado ponto da estação, suas portas se fecham, e a velocidade começa a aumentar para que o teleférico possa subir até o alto do morro da Providência, local da primeira parada. Aqui é onde a maioria das pessoas descem. A continuação até a cidade do samba, pelo menos no horário que utilizei foi tranquila. 


 Vista da saída do Teleférico
Ao  descer na segunda e última parada do teleférico, eu percebi que estava muito próximo da cidade do samba... não chegou nem a 05 minutos de caminhada entre a estação e a portaria. Perguntei ao guarda do turno se poderia visitar a cidade e o mesmo permitiu minha entrada mas avisou que dificilmente alguma escola permitiria visita nos barracões - e foi exatamente o que ocorreu! Mas vale ressaltar que pelo menos neste dia, não tinha o que se observar por dentro ... existiam alguns carros alegóricos desmontados do lado de fora dos barracões, diversas peças de andaime espelhadas pelo chão e mais nada... 
Índio em tamanho gigante na praça em frente aos barracões

Placa e Pedra Fundamental
Minha curiosidade no local estava ligado diretamente em conhecer onde ocorreu um dos maiores incêndios sofridos por uma escola de samba! Foi no ano de 2011, ano em que o barracão da Grande Rio, vice-campeã do carnaval passado, foi completamente destruído a um mês do carnaval. Estava assistindo o jornal da manhã e a notícia aparece com enorme destaque e cobertura. Foram mais de 04 horas de perigo iminente do fogo se espalhar pelas demais escolas; a nuvem negra que saía do barracão chegou a uma altura de mais de 500 metros... Não tem como olhar para ali e não lembrar das diversas imagens feitas naquela época. Ressaltando que os materiais utilizados pelas escolas de samba são altamente inflamáveis e de fácil combustão, e na época, todas as fantasias e carros alegóricos da Grande Rio encontravam-se praticamente prontos, motivo pelo qual o fogo se espalhou rapidamente! Mesmo com todo a agilidade no combate ao incêndio por parte das equipes de bombeiros, que conseguiram chegar ao local rapidamente, o fogo chegou a atingir parte do barracão da União da Ilha, da Portela e da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).  

Ao invés de voltar até o teleférico para depois utilizar o metrô, decidi experimentar o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). A estação fica em frente à Via Binário do Porto, logo na saída da Cidade do Samba. O deslocamento até o centro da cidade é tranquilo e rápido, sendo que algumas estações estão diretamente ligadas à pontos turísticos. Ao todo, percorri 07 paradas - sendo que na estação Parada dos Navios encontra-se o local onde foi feito o maior muro de grafite do mundo - intitulado de Etnias e feito especialmente para as olimpíadas do Rio - (ver http://marcelogiacomini.blogspot.com.br/2016/10/redescobrindo-o-rio-de-janeiro-mural.html ), 

O VLT passou pelas seguintes estações: Parada Cidade do Samba, Parada dos Navios, Parada dos Museus, São Bento, Candelária, 07 de Setembro até chegar no meu destino final que era a  Estação Carioca do Metrô, Dali sigo a pé até a Praça XV, com destino a plataforma de barcas rumo à Niterói. E assim, finalizava meu dia! 

18/10/2016

Redescobrindo o Rio de Janeiro - restaurante Ancoramar

Como adoro caminhar pelas cidades e sou especialmente curioso por antigas construções, foi meio que por acaso que descobri a estória do restaurante Ancoramar (ou antigo Albamar)! 


Estava visitando o Museu Histórico Nacional, que fica no entorno da Praça Marechal Âncora quando avistei do outro lado da avenida, bem próximo da estação das barcas da Praça XV, uma única torre, com uma conservação esquecida pelo tempo (pelo menos era o que aparentava externamente), como se estivesse perdida por ali, destoando do restante do seu entorno! Vale aqui lembrar que junto à esta praça, existia a antiga perimetral, que transformava o centro um local muito barulhento e esquecido pela população... com a vinda das Olimpíadas para o Rio, esta área foi completamente revitalizada e a perimetral completamente demolida! E parte do projeto de revitalização contemplou uma passarela subterrânea que nos permite atravessar a avenida Alfred Agache e chegar ao outro lado com total segurança. Ponto positivo para esta obra. De estrutura ampla, ela se encontra muito bem conservada - sendo que a única crítica que posso expor seria a falta de corrimão para as escadas. 

Enfim, voltando à torre, ao me aproximar delas é que percebi que por ali funciona um restaurante. Observei que as mesas estavam arrumadas tanto na parte externa quanto na interna mas como já passava das 15 horas, e não vi nenhuma movimentação de garçons (apenas um solitário, fumando um cigarro na parte alta da torre), acreditei ser o momento de intervalo entre o almoço e o happy hour - então apenas cliquei o local e fui para casa para buscar maiores informações na internet. Foi quando me surpreendi que ali, não existia apenas uma torre, mas sim mais outras 04 torres que foram demolidas - que estavam distribuídos entre os pavilhões que existiam naquele local. A torre maior ficava no centro deste comércio, que segundo relatos, era um comércio voltado a venda de peixes devido a proximidade do porto. Imediatamente me veio à lembrança o formato de comércio praticado no Mercado Ver O Peso, em Belém do Pará que ainda hoje funciona normalmente e que foi revitalizado há pouco tempo .... Mas o mais interessante foi descobrir que em 1933, havia sido inaugurado nesta mesma torre o restaurante Albamar, que se tornaria referência gastronômica no centro do Rio de Janeiro durante 80 anos, chegando a receber em suas mesas, personalidades como os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros que vinham saborear a culinária especializada em frutos do mar. Tombado pelo IPHAN na década de 60, a torre se mantém viva na estória da cidade. O restaurante passou por obras e atualizações (acredito que muito devido a vinda das Olimpíadas) e seu nome mudou para Ancoramar, fazendo uma alusão e homenagem ao Marechal Âncora que "empresta" seu nome junto a praça. E hoje entendo todo charme que esse restaurante consegue manter! Não é para menos - em pouco menos de 15 minutos ao lado dele, percebi que podia contemplar a Baía de Guanabara, a ponte Rio-Niterói, os pousos e decolagens do Santos Dumont, a Ilha Fiscal, as barcas indo e voltando...  

12/10/2016

Caminho Niemeyer - Niterói

Bem próximo da estação das Barcas (que seguem destino ao Rio de Janeiro) e quase ao lado do terminal rodoviário João Goulart, encontra-se o Caminho Niemeyer - um espaço que contempla ao mesmo tempo três obras do arquiteto para a cidade de Niterói - o Teatro Popular (em uso), o Memorial Roberto Silveira e o espaço que deveria abrigar a Fundação Oscar Niemeyer, mas que não está em funcionamento pois depois da morte do arquiteto em 2012, a família preferiu manter o arcevo em Brasília. O prédio anexado à fundação, atualmente é ocupado por uma das secretarias da Prefeitura de Niterói, mas em caráter provisório.

A fundação foi criada em formato caracol e possui dois tipos de acessos: um pela parte interna e outra, através de rampas criadas na parte externa. Em volta desta construção existe um grande espelho d`água que juntamente com o prédio que está atrás da fundação reflete a arquitetura por inteira, como se o reflexo fosse complemento da arquitetura da fundação.

O Teatro Popular é um espaço bem interessante e diferente. No primeiro momento, Oscar Niemeyer o projetou para utilizar o palco no formato 360° - com duas bocas de cena, uma virada para dentro do teatro e outra, virada para a área externa, para a chamada Praça do Povo - porém, como o palco não é giratório, não teve como viabilizar este tipo de apresentação. O teatro conta ainda com 460 lugares no formato atual All Stadium - ou seja, como se fosse uma arquibancada com diferentes níveis entre cada fileira. A guia que me acompanhou disse que a acústica do teatro é tão boa que dispensa o uso de microfones... Será?  Vou ficar atento à programação do local para ver se tenho chance de assistir a uma peça por lá.

Teatro Popular - vista da frente e da parté de trás do palco

O Memorial Roberto Silveira foi criado para servir como referência de arcevos literários que resgatassem a memória sobre autores fluminenses. Com isso, o centro passaria a abrigar a primeira biblioteca virtual da cidade, com o intuito de servir às universidades, estudantes e toda a população em geral. Também servia como um local para receber palestras e seminários, em um auditório criado dentro deste espaço, preparado para esta função. 
Memorial Roberto Silveira

Um detalhe que torna Niterói muito interessante é saber que, mesmo sendo carioca, Oscar Niemeyer nutria grande paixão pela cidade e aqui encontram-se o maior número de obras do arquiteto fora do Distrito Federal. Além destes espaços apresentados acima, o arquiteto deixou para Niterói o MAC (Museu de Arte Contemporânea) e o Terminal de Barcas Charitas, que encontra-se no bairro de São Francisco e têm o mesmo destino que o terminal do centro de Niterói - a Praça XV na cidade do Rio de Janeiro.

Todo esse espaço foi projetado dentro de uma área de 4.000 m² e sua visitação durante a semana como também aos finais de semana é livre somente na área externa - como visitei em dia de semana, foi necessário entrar pela portaria principal e pedir uma visita guiada. Nos finais de semana, o espaço é liberado para o público em geral, que utiliza do local principalmente como ponto de encontro.

10/10/2016

Redescobrindo o Rio de Janeiro - Bondinho do Pão de Açúcar

" Terceiro teleférico de passageiros instalado no mundo com cabine projetada e fabricada pela empresa alemã J.Pohlig para a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, entrou em operação em 1912, implantado por Augusto Ferreira Ramos. (...) . Os Camarotes Carril  foram logo denominados Bondinhos pela sua semelhança física com os bondes elétricos que circulavam pelas ruas do Rio de Janeiro e funcionavam no sistema vai-e-vem. (...) Transportava 22 passageiros por viagem e cerca de 2.100 por dia. Ao completar 60 anos de funcionamento, em 1972, foi desativado".  (fonte - Placa original no próprio local no Morro da Urca - primeira parada).


Enfim, 44 anos depois, (eu nasci em 73, um ano após a desativação), posso afirmar que eu não entraria nunca neste antigo bondinho. Ele não possuía janelas e sua estrutura, apesar de robusta, não combina em nada com os bondinhos atuais, mais amplos, bem espaçosos e principalmente, fechados por todos os lados (apesar de que a janela da frente veio aberta como dá para perceber na foto abaixo)! Com certeza, se eu tivesse idade suficiente na época para entender o que eu gostaria de fazer, provavelmente desistiria de visitar os Morros da Urca e do Pão de Açúcar...


Mas como desejo solicitado é desejo atendido, confesso que levei minha esposa mesmo sabendo que por dentro, o friozinho na minha barriga era grande. Mas como brinquei com ela depois que voltamos, nossas vidas dependiam apenas de 06 minutos seguros... (três minutos em cada trecho) - tanto na ida, e depois mais 06 minutos na volta! E enfrentar esse "medinho"foi simplesmente demais, já que a vista lá de cima é espetacular. Mesmo o dia estando nublado, deu para aproveitar e muito! E confesso que mesmo já visitado o Rio outras vezes, me sentia orfão de alguns programas  que nunca havia feito, e este era um deles ....  


09/10/2016

Redescobrindo o Rio de Janeiro - Mural Etnias

Sinto-me muito orgulhoso quando vejo o talento brasileiro expresso pelo mundo... mas ter o reconhecimento dentro do nosso país, de uma forma tão próxima, sem custo e de beleza incomparável é sempre uma surpresa fantástica! E o Mural Etnias é o maior (literalmente falando) exemplo disso!

Criado para as Olímpiadas 2016 no Rio, o artista grafiteiro Eduardo Kobra eternizou o Boulevard Olímpico colorindo seus muros com cinco diferentes rostos (expressões) de nativos para representarem cada um dos continentes - desta forma, ele estaria fazendo alusão aos Arcos Olímpicos - que representam também os cinco continentes. E esta sua obra foi tão grandiosa que acabou ganhando do Guiness Book - livro dos recordes - o reconhecimento de "o maior grafite do mundo"!

Para a realização deste trabalho, foram utilizados mais de 1.800 litros de tinta branca e algo em torno de 2.800 latas de spray -  sendo necessário pouco mais de 02 meses para que os muros ficassem eternizado nas memórias dos visitantes de todo o mundo que por aqui passaram durante o período das Olimpíadas... e que continuará exposto para qualquer pessoa que queira conhecer, lembrando que apenas o tempo é quem vai decidir o quanto a obra irá se deteriorar! (e também esperando que este local não venha sofrer nenhum tipo de vandalismo).